quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Aprenda com a falha, mas não aceite como algo normal

Uma discussão com base no livro A Falha Não é uma Opção.


Fonte da figura: http://www.komkraft.com.br/PT/servicos/analise.html

Dentro da gestão da manutenção industrial, a análise de falhas é uma abordagem básica e fundamental. 

No livro "A Falha não é uma Opção", o autor José Wagner Braidotti Junior  cita 10 fatores que levam à ocorrência de falhas. Abaixo é apresentada uma lista adaptada dos 10 fatores.

1) Manutenção conduzida de forma "reativa", com foco nas solução das ocorrências diárias.

2) Não é dado o devido valor à informação obtida na execução da manutenção e acompanhamento dos equipamentos.

3) Muitas atividades desnecessárias, sem o devido planejamento da manutenção.

4) Equipe de manutenção com a visão de que o objetivo é reparar os equipamentos, sem a visão de futuro e sem a noção da importância da manutenção para a lucratividade da empresa.

5) Gestão deficiente dos insumos (itens de reposição, materiais), mas diferentes etapas: especificação, avaliação de orçamentos, inspeção de recebimento, armazenagem.

6) Ausência de padrão na gestão dos serviços terceirizados de manutenção, seja na definição de indicadores de desempenho, ou na aplicação de remuneração variável pelo nível de serviço.

7) Falta de visibilidade do impacto dos custos da manutenção na sustentabilidade da empresa, não apenas dos custos imediatos mas também do impacto dos custos gerados pela falta de procedimentos adequados de manutenção preventiva.

8) Falta de integração entre operação e manutenção, ou não atuação de forma integrada na busca do melhor desempenho dos ativos.

9) A manutenção não participa de novos projetos, seja no desenvolvimento de produtos, seja nas mudanças e ampliações de equipamentos e estrutura da fábrica.

10) Inexistência de métricas bem definidas e consistentes, como foco nas necessidades atuais e futuras, alinhadas com os objetivos da organização.

E você, reconhece um ou mais fatores causadores de falhas acima citados em sua organização? E o que pode ser feito para melhorar? Comente!

Um abraço,

Paulo Manoel Dias
engpaulodias@yahoo.com.br



terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Ferramentas de confiabilidade

Prezados leitores do Blog

No endereço abaixo é apresentada uma lista de ferramentas/conceitos de confiabilidade, com a descrição no formato "o quê, por quê, quando e onde usar".

http://www.barringer1.com/nov07prb.htm

Interessante como ponto de partida para iniciar a pesquisas sobre ferramentas e métodos para a melhoria da confiabilidade de sistemas e processos.
Para que está iniciando o estudo em gestão da manutenção, recomendo iniciar pelas seguintes ferramentas,conceitos:
Bathtub Curves (curva da banheira)
- Failure (falha)
- Fault tree analysis
- FMEA

Em breve falaremos mais destas e de outras ferramentas e conceitos. 

Até mais:

Paulo Manoel Dias
engpaulodias@yahoo.com.br

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Tudo pronto para a manutenção ... e as peças? Parte 2


Gestão de Suprimento de Peças de Reposição na Manutenção

Eng. Paulo Manoel Dias, MsC

Publicado originalmente no blog http://germanut.blogspot.com.br/ e posteriormente revisado.

No post anterior  iniciamos a discussão sobre a gestão do suprimento de peças para a manutenção, que muitas vezes é negligenciada.  Para melhor entendimento, dividimos o tema em sete partes:
1 - Estoque inicial
2 - Previsão da demanda
3 - Planejamento orçamentário
4 - Desenvolvimento de fornecedores
5 - Controle do estoque
6 - Aquisição
7 - Recebimento

As primeiras três foram discutidas no primeiro post, agora será apresentada uma breve discussão sobre as quatro restantes (clique aqui para ler a primeira parte). 

4 - Desenvolvimento de fornecedores
O estoque inicial, se adotado, será composto de itens fornecidos pelo fabricante do equipamento, na maior parte na verdade fornecidos por terceiros. Porém, para redução de custos, e tempo de lead time de fornecimento das peças, será necessário desenvolver fornecedores. Alguns itens são facilmente fornecidos por vários fornecedores, como por exemplo rolamentos, e alguns itens elétricos e eletrônicos. Outros itens são mais específicos, exigindo que sejam solicitadas amostras que deverão ser testadas durante algum período antes de serem consideradas aptas para aquisição, como é o caso de correias de transmissão, roletes e algumas outras peças mecânicas específicas.
O desenvolvimento de fornecedores deve ser acompanhado e incluir registros quanto à qualidade, prazo de fornecimento e custo. Deve haver um cadastro de fornecedores alternativos, para os casos nos quais o fornecedor principal não possa atender no prazo ou nas condições desejadas. 
Desenvolver fornecedores não é algo que se faz apenas uma vez, ou em determinado período do ano. É um processo contínuo, que inicia da identificação de necessidades, motivado por custo, qualidade ou prazo, e envolve identificar fornecedores e definir meios de qualifica-los. Já me deparei em situações nas quais o mesmo fornecedor para determinados tipos de itens há vários anos, e ao se questionar esta constância se verificou a existência de outros fornecedores com qualidade adequada e preços bem inferiores. Em outras situação um fornecedor há vários anos atrás havia sido avaliado, e os itens por ele fornecidos foram considerados de péssima qualidade, fazendo com que a empresa em questão entrasse no rol de fornecedores desclassificados. Passados alguns anos se resolver dar nova oportunidade para o fornecedor que se revelou adequado em termos de qualidade e prazo, com custo inferior aos usuais.

5 - Controle do estoque
O controle de estoque vai se tornando mais complexo com o aumento do número de itens. Há também outros fatores complicadores, como por exemplo itens que exigem condições ambientais de armazenagem específicas, ou que tenham risco de combustão espontânea.
Incluímos aqui no controle de estoque o controle da entrada (carregamento); da saída (baixa do estoque); as verificações periódicas (contagem e conferência); acompanhamento da validade – isso mesmo peças tem vida útil; organização e limpeza do estoque; e outras ações para manter o estoque em boas condições.
Cabe destaque a questão da organização do estoque. E aí basta seguir os princípios do 5S, começando com a definição de “um lugar para cada coisa” e praticando “cada coisa em seu lugar”.  Itens com maior giro devem ter acesso facilitado. Já os itens que ao longo do tempo não tiverem atualização demandam decisão sobre a necessidade de manter no estoque, principalmente se houver restrição de espaço. Nos casos nos quais o estoque inicial tenha sido superdimensionado, talvez seja interessante descartas (adequadamente) ou mesmo revender parte do estoque do item.
Em termos de sistemas para controle de estoque há ampla oferta, tanto de sistemas dedicados como de sistemas integrados (ERP). O certo é que dificilmente se consegue uma boa gestão do estoque sem um sistema adequado. Estoque com poucos itens (algumas poucas centenas de itens no máximo) podem ser adequadamente gerenciados com uso de planilhas eletrônicas.

6 – Aquisição
A aquisição de peças deve considerar as três dimensões de desempenho: custo, qualidade e prazo de fornecimento. Nem sempre é possível conseguir a solução ótima para as três dimensões. Em algumas situações, principalmente no caso de paralização de equipamento, a dimensão prazo será a determinante, e nestes casos será necessário pagar o custo da emergência. Enquanto uma compra normal para reposição do nível mínimo do estoque pode aguardar fornecimento de 30 dias, e permite a cotação com vários fornecedores para se obter o melhor preço, a compra emergencial se baseia no prazo, o que implica em maior custo unitário da peça e maior custo com frete/entrega.
Especial atenção deve ser dada quando há necessidade de importação de peça ou conjunto pois além do maior prazo de entrega há risco de atraso em função de problemas no desembaraço aduaneiro – greves não são raras! 
É importante acompanhar as diferentes etapas da aquisição, incluindo a confirmação do pedido, confirmação do despacho e início da distribuição final. Há casos nos quais o fornecedor confirmar o pedido que fica “esquecido” e somente é retomado quando o cliente reclama.
Ainda sobre a aquisição, em uma empresa de menor porte pode ser interessante que a própria área de manutenção se encarregue de todo o processos. Em outras situações, principalmente quando a quantidade de ativos é muito grande, gerando aquisições de peças em grandes volumes, é mais comum que a área centralizada de compras se encarregue da aquisição de peças para a manutenção.

7 – Recebimento
Ao se receber o item deve ser verificado inicialmente se atende a especificação, e se a nota fiscal está adequada, liberar para pagamento (se não foi feito antecipadamente) e somente então liberar o item para o estoque, ou direto para a execução da manutenção.
Em algumas situações pode ser interessante criar uma área para guarda provisória do material recebido até que seja possível realizar as verificações de recebimento, certamente dentro de prazo que não afete o pagamento ao fornecedor, e sem comprometer o uso de peças urgentes.
Também pode ser necessário programar o teste da peça no equipamento, nos casos em que a aquisição é para reposição de estoque mas é necessário testar a peça na máquina, por não ser do fabricante original.

Com isso fechamos nossa breve discussão sobre as atividades que compõem a gestão do suprimento de peças de reposição para manutenção de equipamentos. A execução inadequada destas atividades poderá afetar o desempenho da manutenção, reforçando a noção de que a competência técnica deve estar aliada à competência de gestão.
A forma como os procedimentos para execução de cada atividade será disseminada na organização também é fundamental. Organizações que possuem a gestão de processos bem desenvolvida terão maior facilidade em garantir a execução destas e das demais práticas da gestão da manutenção. Procedimentos escritos e sistemas de suporte, bem como a criação e utilização de indicadores de desempenho para permitir o adequado controle elevam o nível de maturidade da gestão da manutenção. 

Para refletir:
- Após a leitura deste texto você acredita que há algo para aprimorar na gestão do suprimento de peças para manutenção em sua organização?
- Que indicadores de desempenho poderiam ser criados para começar a medir a performance das diferentes atividades discutidas?
- Qual das atividades da gestão do suprimento de peças parece mais crítica, e merece um projeto de melhoria?

Sucesso e saúde para todos,
Paulo Manoel Dias

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Tudo pronto para a manutenção ... e as peças?


Gestão de Suprimento de Peças de Reposição - Parte I

Storage bins and racks for storing parts and components in a warehouse shot with shallow focus

Pessoal técnico capacitado, ferramentas necessárias disponíveis. Toda a logística pronta para a intervenção da manutenção e ... onde estão as peças necessárias? O que seria uma intervenção de minutos, agora vai ter que aguardar a aquisição das peças e enquanto isso ... equipamento parado, prejuízo, reclamação de clientes ...

A gestão do estoque de peças de reposição para a manutenção de equipamentos industriais é essencial para o desempenho da manutenção, e envolve uma série de atividades, principalmente:

1 - Estoque inicial
2 - Previsão da demanda
3 - Planejamento orçamentário
4 - Desenvolvimento de fornecedores
5 - Controle do estoque
6 - Aquisição
7 - Recebimento

Neste post vamos discutir brevemente os primeiros 4 itens.  

1 - Estoque inicial

Na aquisição de um equipamento é preciso decidir sobre a compra de peças de reposição junto com o equipamento, principalmente as de maior utilização. Aqui surge o primeiro desafio: se o equipamento não é similar há outros já em uso na empresa, como definir quais peças adquirir junto com o equipamento? Aqui praticamente não há outra alternativa além de confiar na lista de peças sugerida pelo fornecedor do equipamento.
O estoque inicial de peças será mais crítico se o equipamento for importado com restrição de comércio de peças no local de instalação. Este é portanto um fator importante de ser considerado na escolha do fornecedor de equipamentos. Me recordo de uma situação na qual, ainda como técnico, eu era responsável pela manutenção de osciloscópios (equipamento de medição usado em eletrônica) fabricados na Hungria, com várias peças indisponíveis no mercado nacional.

2 - Previsão da demanda

Prever a demanda de itens necessários para a manutenção implica em determinada quando e quanto será necessário. Ao receber um novo equipamento, para o qual ainda não há histórico de utilização de peças na manutenção preventiva ou corretiva, a previsão da demanda é difícil. Mesmo assim, é possível basear a previsão da demanda de grande parte dos itens que compõem o equipamento de acordo com a informação de vida útil, obtida do fabricante do item. Equipamentos elétricos tem vida útil em horas ou em ciclos de utilização. Peças mecânicas também tem a vida útil estimada em horas de operação, podendo ter diferentes faixas de acordo com o tipo de utilização (rotação e temperatura ambiente por exemplo).
É recomendado utilizar diferentes métodos de previsão de demanda de acordo com o tipo de utilização do item. Itens com demanda constante, por exemplo filtros que são substituídos de acordo com o tempo de operação, e itens de alta confiabilidade e duração como componentes eletrônicos tem comportamento da demanda muito diferente, incluindo a distribuição estatística utilizada na previsão.
Também é importante destacar que a previsão da demanda não é algo estático, definido inicialmente e não mais alterado. É fundamental incluir variáveis que permitam a atualização de acordo com a experiência de uso do equipamento, e até mesmo dados das verificação da manutenção preventiva e preditiva.

3 - Planejamento orçamentário

A previsão da demanda é a base para o planejamento orçamentário. Embora algumas empresas não levem o planejamento orçamentário muito a sério, é uma atividade importante, para garantir os recursos necessários para a manutenção, com negociação prévia de modo a não depender da “boa vontade” da área financeira. Se por um lado a existência do planejamento orçamentário é uma garantia dos recursos, por outro lado é uma responsabilidade para os gestores de manutenção pois serão duramente questionados se o valor planejado for insuficiente, e também se for excessivo. 

Para refletir:
- Qual o índice atual de paralisações por falta de peças?
- A forma de controle de estoque atual é adequada para suas necessidades?
- Na aquisição de equipamentos, a disponibilidade de peças de reposição é uma variável utilizada na decisão?


No próximo post vamos falar sobre desenvolvimento de fornecedores, controle do estoque, aquisição e recebimento.


Até mais,

Paulo Manoel Dias
engpaulodias@yahoo.com.br


segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Manutenção Corretiva


Manutenção corretiva é mais do que apenas consertar o que está danificado

Vimos nos posts anteriores (Manutenção Preventiva parte I e II) que há todo um esforço voltado para impedir a indisponibilidade do equipamento por problema de manutenção. 

Mesmo com todo o investimento na previsão de falhas há uma certeza: elas ocorrerão! Em algum momento algum dos diversos itens que compõe o equipamento irá apresentar falha e precisará ser substituído ou reparado. 

Se o momento exato da necessidade da manutenção corretiva não pode ser definido, então não há muito o que fazer, certo? Errado! Se a manutenção preventiva em grande parte leva à indisponibilidade do equipamento, sua gestão deve ser muito bem feita. 

A execução da manutenção preventiva exige planejamento, principalmente quanto à:
- Disponibilidade das ferramentas necessárias;
- Disponibilidade e bom estado dos equipamentos usados para executá-la;
- Existência e capacitação de pessoal próprio ou terceirizado para realizar a manutenção corretiva;
- Documentação com procedimento de reparo baseado no manual do equipamento e intervenções anteriores de mesma natureza.
- Sinalização da área e medidas de prevenção de riscos à segurança dos técnicos e pessoal operacional. 

Um dos objetivos do gestor de manutenção é reduzir a indisponibilidade do equipamento, que é o tempo desde a parda do equipamento para manutenção até a liberação para a operação. O tempo total de indisponibilidade é composto pelos tempos de cada uma das atividades necessárias para execução da manutenção corretiva sendo os principais:
- Identificação do problema;
- Comunicação do problema à área de manutenção;
- Deslocamento do equipe de manutenção;
- Identificação da causa;
- Definição para forma de solução;
- Obtenção do material necessário;
- Preparação dos equipamentos;
- Desmontagem;
- Substituição/reparação do item;
- Montagem;
- Testes de funcionamento.

Em muitos casos o tempo de substituição/reparação do item é muito menor que a soma dos demais. Isso reforça o entendimento que há muito o que se fazer para melhorar as práticas de manutenção corretiva. 

Se pensarmos por exemplo, no ferramental. O inventário e controle do ferramental necessário para desmontagem e montagem de todos os itens do equipamento é uma atividade trabalhosa, mas com forte impacto na manutenção corretiva. Imaginem ficar aguardando a localização de uma chave para poder desmontar o item que precisa ser substituído. Isso é desperdício de tempo! E é algo MUITO comum. 

Ou então, o equipamento ficar parado por que a operação não localizou os técnicos de manutenção, ou não dispõe de uma forma de comunicação. Também é comum a sala onde fica o pessoal da manutenção ficar em um “canto” do prédio, aumentando o tempo de deslocamento. 

Já a identificação da causa do problema, não é sempre evidente. Se por exemplo o disjuntor do equipamento desarmou, o que implica em consumo de corrente para as partes alimentadas por este disjuntor acima do limite definido, qual foi a causa. Simplesmente rearmar o disjuntor pode agravar o problema. A identificação da causa exige i) capacitação da equipe e ii) documentação técnica baseada na experiência acumulada (troubleshooting)

De forma resumida a manutenção corretiva deve focar nas três dimensões do desempenho:

Prazo: realizar de forma rápida, sem desperdício de tempo: pense nas equipes de Fórmula 1!

Custo: buscar reduzir despesas além do custo-hora, atrelado ao tempo de execução, minimizando o custo com materiais, buscando manter um cadastro de fornecedores para cotação de preços, e também reduzindo o desperdício por retrabalho. 

Qualidade: executar adequadamente a manutenção corretiva para que o mesmo defeito não volte a ocorrer, e para que a correção de um item não interfira em outro item. 

Bom, por hora é isso aí. Até o próximo post!

Paulo Manoel Dias

terça-feira, 19 de julho de 2016

Manutenção Preventiva - Parte II

Manutenção Preventiva - Parte II


Na primeira parte falamos sobre a definição de manutenção preventiva e sobre os elementos do Plano de Manutenção Preventiva (PMP). Agora vamos tratar da implantação do plano de manutenção preventiva.

Planejamento do PMP

Primeiramente vamos esclarecer que o PMP deve ser geral para o parque de equipamentos da empresa, devendo ser definido um plano válido para todos os equipamentos, certo? Não, ERRADO. O plano de manutenção preventiva é específico para cada equipamento. E mesmo para equipamentos do mesmo tipo o PMP pode varia em termos de itens e frequência das tarefas, em função da situação do equipamentos (falamos sobre isso na primeira parte!!!).

Antes de mais nada é preciso definir se "o tipo de equipamento" vai ou não ter manutenção preventiva. Isso mesmo, nem todo equipamento tem plano de manutenção preventiva. Os microcomputadores, por exemplo, não costumam ter plano de manutenção preventiva pois i) são de fácil reparo; ii) tem baixa criticidade (desde que se faça backup dos arquivos). Assim, só se desencadeia a manutenção quando há um chamado de manutenção corretiva (ex. micro não liga). Certamente, quando se abre um microcomputador para substituição de uma placa, por exemplo, pode-se aproveitar para fazer a limpeza interna, limpeza dos pentes de memória, e outros procedimentos que se enquadram como manutenção preventiva. 

Vimos no texto anterior que devem ser definidos, entre outros possíveis, os seguintes itens em um PMP:
  - Itens que serão trabalhados
  - O tipo de ação para cada item: inspeção / ajuste / substituição.
  - A frequência da inspeção de cada item.
  - Os insumos necessários para realizar cada ação do plano de manutenção preventiva
  - As ferramentas e equipamentos necessários
  - Os manuais necessários
  - Procedimentos de segurança necessários
  - Observações relevantes
  - Tempo padrão para cada ação (ex. 0,5 horas para substituição de um rolamento).

Um vez definido o PMP a equipe de manutenção deve ser capacitada para executar cada uma das tarefas que compõem o plano. Aqui não se deve partir do pressuposto que todos entendem e estão plenamente capacitados para executar uma tarefa, é preciso capacitar todos para nivelar o conhecimento. A capacitação inicial pode ser feita com a leitura do procedimento e prática no equipamento dos mais simples. Quanto às capacitações nos procedimentos mais complexos, que exijam desmontagem do equipamento, podem ser deixadas para o momento de execução conforme PMP original.

Execução do PMP 

 De nada adianta planejar se o PMP não for executado adequadamente. Como se trata de uma atividade programada, deve-se garantir que todos os recursos estejam disponíveis para a execução das atividades de manutenção preventiva:
- Ferramentas;
- Equipamentos;
- Materiais;
- Esquemas;
- EPI e EPC necessários;
- Material para isolamento da área, se necessário;
- Pessoal.
 Toda essa organização é necessária para que ao ser parado o equipamento a manutenção preventiva inicie imediatamente, sem que seja necessário ir buscar itens faltantes ou ficar procurando algum recurso.
Durante a execução do PMP os responsáveis pelas tarefas que o compõem devem fazer registros, confirmando a execução das tarefas, registrando os valores de medições realizadas, e anotando qualquer não conformidade observada.
Durante a execução do PMP, imprevistos podem impedir que as tarefas previstas para o dia sejam executadas integralmente. Quando isso ocorre é preciso decidir quais tarefas serão postergadas para o próximo dia ou para o próximo período, sendo fundamental que se mantenha registro do que não foi executado e das razões.

Controle do PMP


O plano de manutenção preventiva deve ser controlado, em termos de frequência de execução e forma de execução. Periodicamente deve ser auditado. É muito como que itens com pouca ocorrência de falha sejam negligenciados, justamente por nunca apresentarem problemas. O executante da manutenção registra como item OK, sem na verdade fazer as verificações necessárias. Para aumentar a responsabilidade, em organizações onde o comprometimento da equipe é baixo, o responsável pela execução do PMP diário deve assinar o formulário de controle.

Outra questão fundamental é não criar um abismo entre pessoal de execução e gestão da manutenção. A comunicação deve ser facilitada, e sempre que possível os registros em formulários ou sistemas devem ser complementados verbalmente. Por outro lado o pessoal responsável pela parte administrativa da manutenção deve "sair da cadeira" e circular na área operacional, a fim de facilitar essa comunicação entre execução e controle/planejamento.

O controle do PMP envolve:
- Verificar se o plano de manutenção preventiva está sendo cumprido (através dos registros);
- Auditar a execução do PMP  (através de acompanhamento, verificação in loco);
- Avaliar causas do descumprimento do PMP (itens que deixaram de ser feitos por falta de tempo, de material, pessoal ou outra razão);
- Registrar as observações e alimentar sistemas informatizado;
- Criar, atualizar e divulgar estatísticas e gráficos de controle.

Melhoria do PMP

Adiantamos a questão da melhoria do PMP no post anterior. Mas é importante ressaltar o caráter dinâmico do PMP. Se você tiver um PMP com mais de um ano sem atualização, desconfie. Alterações nas tarefas (inclusões, exclusões), na descrição e complementos da tarefa (riscos, procedimento, ferramentas necessárias, referências) e na frequência de execução (diária, semanal, quinzenal, mensal, anual) são decorrentes da análise dos indicadores (tempo médio entre falhas, tempo médio de reparo, etc.).

Uma forma de garantir a revisão dos PMP é realizar periodicamente uma reunião para reavaliá-los. Para que esta revisão não seja algo monótono, é importante limitar o tempo à no máximo 30 minutos, escolhendo um conjunto de PMP para revisão, usando critérios de criticidade.

É importante ter sempre em mente que manutenção preventiva custa dinheiro, e portanto acrescentar itens ou reduzir a frequência de execução de tarefas deve ser justificado. Por outro lado, deve-se sempre lembrar que a falta de manutenção preventiva implica no aumento da manutenção corretiva, que além de ter custo mais elevado ocorre de forma não programada com maior impacto na operação.

Uma última dica sobre gestão da manutenção preventiva: SIMPLIFIQUE!

Busque sempre simplificar formulários, controles, facilitando o uso e eliminando itens desnecessários. Se puder informatizar e automatizar, ótimo! Se não tiver condições e depender de registros manuais, busque tornar mais simples os controles, a partir de opiniões de quem realiza.




sexta-feira, 1 de julho de 2016

Manuteção preventiva - Parte I

Planejando e executando antes da falha

Como vimos no post anterior a manutenção preventiva consiste em um conjunto de procedimentos realizados em intervalos definidos (tempo ou ciclos de utilização) para manter as condições normais de funcionamento dos equipamentos.

Na definição da manutenção preventiva deve-se descrever:
- Itens que serão trabalhados
- O tipo de ação para cada item: inspeção / ajuste / substituição.
- A frequência da inspeção de cada item.
- Os insumos necessários para realizar cada ação do plano de manutenção preventiva
- As ferramentas e equipamentos necessários
- Os manuais necessários
- Procedimentos de segurança necessários
- Observações relevantes
- Tempo padrão para cada ação (ex. 0,5 horas para substituição de um rolamento). 

O plano de manutenção preventiva resulta em um documento, que deve ser acessível e atualizado, e sempre que necessário revisto para incorporar novas práticas.

Criando o plano de manutenção preventiva.


Aí vem a pergunta: Como definir um plano de manutenção preventiva?

As fontes de informação para montar um plano de manutenção preventiva são diversas, mas geralmente envolvem:
- O manual do equipamento;
- Informações técnicas complementares do fabricante;
- Orientações da engenharia de manutenção;
- Subsídios da área de operação que faz uso do equipamento;
- Melhorias incorporadas após vários ciclos de manutenção preventiva (refinamentos);
- Informações do fabricantes das partes do equipamento (ex. fabricante de mancais). 
- Bibliografia técnica (ex. literatura sobre durabilidade de rolamentos).

Em alguns casos, infelizmente raros, o plano de manutenção preventiva quase completo é fornecido pelo fabricante do equipamento. Alguns fabricantes apenas disponibilizam os planos de manutenção preventiva para as assistências técnicas autorizadas. Para equipamentos mais antigos o plano de manutenção preventiva original não existe ou tem pouca validade em função de diversas modificações no equipamento e desgaste decorrente do uso. Abaixo um exemplo de Plano de Manutenção Preventiva para um determinado equipamento.


PLANO DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA - EXEMPLO EQUIPAMENTO DE AUTOMAÇÃO

FREQUÊNCIA
ITEM
Diária
Semanal
Mensal
Anual
Testes de inicialização
x



Limpeza geral superficial
x



Lubrificação - Nível 1
x



Reaperto geral

x


Lubrificação - Nível 2

x


Lubrificação - Nível 3


x

Inspeção de rolamentos

x


Desmontagem geral



x
Limpeza geral da CPU


x

Troca dos filtros de ar



x
Substituição das borrachas de vedação



x
Limpeza das fontes de alimentação



x
 


No link abaixo o exemplo acima está disponível em planilha do Google Docs.
Plano de Manutenção Preventiva - Exemplo 1

Veja que no exemplo apenas constam os itens e a frequência de execução de cada um. Outro ponto importante a destacar é que cada plano de manutenção preventiva é específico para determinado equipamento. Mais a frente apresentaremos outros exemplos mais elaborados!

Aprimorando o plano de manutenção preventiva. 

Tomando como base o exemplo acima, podemos discutir o aprimoramento do plano de manutenção preventiva (PMP). Algumas questões que poderiam ser avaliadas para melhoria do PMP:

- É possível separar o equipamento em módulos e deixar o PMP mais específico?
- Qual o ferramental e demais recursos necessários para cada ação (linha) do PMP?
- Que tal acrescentar referência para o procedimento de cada ação do PMP? Por exemplo procedimento de Lubrificação Nível 1.
- Qual o tempo previsto em fração de horas para cada atividade do PMP?
- Há necessidade de alterar a frequência de determinados itens (passar de mensal para semanal, ou de mensal para anual, por exemplo)?

Na verdade o Plano de Manutenção Preventiva (PMP), embora seja um padrão a ser seguido, não é algo completamente estático. Deve passar por ciclos de melhoria (PDCA). É importante, no entanto, que se uma pessoa ou grupo discordar do PMP vigente, e tiver uma ideia de melhor forma de executá-lo que faça  a sugestão mas até a alteração continue seguinte o plano vigente.

Fatores que influenciam o Plano de Manutenção Preventiva


  • Estado atual do equipamento: para equipamentos novos a tendência é basear o PMP nas recomendações do fabricante, e nas melhores práticas para itens mais usuais. Ou seja, no início ainda não há histórico de falhas e portanto a elaboração da versão inicial do PMP é mais sujeita à incerteza. Já para um equipamento com várias horas de uso o aprendizado gerado leva a incorporação de novos itens, alteração da frequência ou inclusão de notas e procedimentos adicionais para melhor execução do PMP. Por outro lado, um equipamento no fim da vida útil, que apresente alta frequência de falhas, pode exigi um PMP mais rigoroso, com verificações frequentes e substituição de itens de forma antecipada, até que seja substituído. Alguns equipamentos também passam por modificações no projeto original, que levam à necessidade de rever a manutenção preventiva.

  • Condições do ambiente: as condições do local de instalação do equipamento também influenciam no PMP. Se o ambiente tem muita poeira a limpeza deverá ser mais frequente. Se é muito úmido, pode ser necessário incluir verificações adicionais, bem como reduzir o prazo de inspeção de determinados itens que se desgastaram mais acentuadamente. É claro que em paralelo deve-se  buscar melhorar estas condições ambientais.

  • Nível de autonomia dos operadores para práticas de manutenção: quando se pratica a manutenção produtiva ou autônoma, com incorporação de práticas de manutenção pelos operadores é possível simplificar os PMP a cargo da equipe de manutenção. Se, por outro lado, os operadores "não dão a mínima" para os equipamentos, é preciso, até que a gestão resolva esses conflitos, que o PMP seja mais rigoroso.

  • Habilidade da equipe de manutenção: de acordo com a habilidade da equipe de manutenção pode ser necessário, por exemplo, incluir recomendações e alertas para determinados procedimentos do PMP. Considero importante que a forma de redação do PMP, o nível de detalhamento, a simbologia utilizada e outras condições do documento gerado permitam que qualquer técnico, mesmo um novo integrante da equipe, compreenda como executar as atividades do plano. 

  • Criticidade do equipamento: este ponto foi deixado por último, apesar de não ser, nem de longe, o menos importante. É preciso ficar bem claro que o plano de manutenção preventiva vai ser diferente de acordo com a criticidade do equipamento. Equipamentos críticos precisam de maior atenção na elaboração do PMP. Mas ... o que faz com que um equipamento seja considerado crítico? Vamos falar disso mais a frente aqui no Blog mas de antemão podemos adiantar alguns critérios que podem ser utilizados para definição da criticidade:
          -  Impacto na operação no caso de parada do equipamento para manutenção;
          - Risco de acidente;
          - Dificuldade de acesso;
          - Dificuldade na obtenção de peças de reposição;
          - Tempo médio de reparação do item (equipamento, módulo, peça). 

Importante: O Plano de Manutenção Preventiva deve seguir o conceito de "adequação ao uso". PMP com itens excessivos e frequências desnecessariamente altas gera custo adicional, enquanto PMP desleixados e desatualizados não cumprem com o objetivo de prevenir falhas. É preciso balancear o PMP de acordo com as condições acima!

Por hora vamos ficando por aqui. Até o próximo post.

Paulo Manoel Dias
engpaulodias@yahoo.com.br