Manutenção Preventiva - Parte II
Na
primeira parte falamos sobre a definição de manutenção preventiva e sobre os elementos do Plano de Manutenção Preventiva (PMP). Agora vamos tratar da implantação do plano de manutenção preventiva.
Planejamento do PMP
Primeiramente vamos esclarecer que o PMP deve ser geral para o parque de equipamentos da empresa, devendo ser definido um plano válido para todos os equipamentos, certo? Não, ERRADO. O plano de manutenção preventiva é específico para cada equipamento. E mesmo para equipamentos do mesmo tipo o PMP pode varia em termos de itens e frequência das tarefas, em função da situação do equipamentos (falamos sobre isso na
primeira parte!!!).
Antes de mais nada é preciso definir se "o tipo de equipamento" vai ou não ter manutenção preventiva. Isso mesmo, nem todo equipamento tem plano de manutenção preventiva. Os microcomputadores, por exemplo, não costumam ter plano de manutenção preventiva pois i) são de fácil reparo; ii) tem baixa criticidade (desde que se faça backup dos arquivos). Assim, só se desencadeia a manutenção quando há um chamado de manutenção corretiva (ex. micro não liga). Certamente, quando se abre um microcomputador para substituição de uma placa, por exemplo, pode-se aproveitar para fazer a limpeza interna, limpeza dos pentes de memória, e outros procedimentos que se enquadram como manutenção preventiva.
Vimos no texto anterior que devem ser definidos, entre outros possíveis, os seguintes itens em um PMP:
- Itens que serão trabalhados
- O tipo de ação para cada item: inspeção / ajuste / substituição.
- A frequência da inspeção de cada item.
- Os insumos necessários para realizar cada ação do plano de manutenção preventiva
- As ferramentas e equipamentos necessários
- Os manuais necessários
- Procedimentos de segurança necessários
- Observações relevantes
- Tempo padrão para cada ação (ex. 0,5 horas para substituição de um rolamento).
Um vez definido o PMP a equipe de manutenção deve ser capacitada para executar cada uma das tarefas que compõem o plano. Aqui não se deve partir do pressuposto que todos entendem e estão plenamente capacitados para executar uma tarefa, é preciso capacitar todos para nivelar o conhecimento. A capacitação inicial pode ser feita com a leitura do procedimento e prática no equipamento dos mais simples. Quanto às capacitações nos procedimentos mais complexos, que exijam desmontagem do equipamento, podem ser deixadas para o momento de execução conforme PMP original.
Execução do PMP
De nada adianta planejar se o PMP não for executado adequadamente. Como se trata de uma atividade programada, deve-se garantir que todos os recursos estejam disponíveis para a execução das atividades de manutenção preventiva:
- Ferramentas;
- Equipamentos;
- Materiais;
- Esquemas;
- EPI e EPC necessários;
- Material para isolamento da área, se necessário;
- Pessoal.
Toda essa organização é necessária para que ao ser parado o equipamento a manutenção preventiva inicie imediatamente, sem que seja necessário ir buscar itens faltantes ou ficar procurando algum recurso.
Durante a execução do PMP os responsáveis pelas tarefas que o compõem devem fazer registros, confirmando a execução das tarefas, registrando os valores de medições realizadas, e anotando qualquer não conformidade observada.
Durante a execução do PMP, imprevistos podem impedir que as tarefas previstas para o dia sejam executadas integralmente. Quando isso ocorre é preciso decidir quais tarefas serão postergadas para o próximo dia ou para o próximo período, sendo fundamental que se mantenha registro do que não foi executado e das razões.
Controle do PMP
O plano de manutenção preventiva deve ser controlado, em termos de frequência de execução e forma de execução. Periodicamente deve ser auditado. É muito como que itens com pouca ocorrência de falha sejam negligenciados, justamente por nunca apresentarem problemas. O executante da manutenção registra como item OK, sem na verdade fazer as verificações necessárias. Para aumentar a responsabilidade, em organizações onde o comprometimento da equipe é baixo, o responsável pela execução do PMP diário deve assinar o formulário de controle.
Outra questão fundamental é não criar um abismo entre pessoal de execução e gestão da manutenção. A comunicação deve ser facilitada, e sempre que possível os registros em formulários ou sistemas devem ser complementados verbalmente. Por outro lado o pessoal responsável pela parte administrativa da manutenção deve "sair da cadeira" e circular na área operacional, a fim de facilitar essa comunicação entre execução e controle/planejamento.
O controle do PMP envolve:
- Verificar se o plano de manutenção preventiva está sendo cumprido (através dos registros);
- Auditar a execução do PMP (através de acompanhamento, verificação
in loco);
- Avaliar causas do descumprimento do PMP (itens que deixaram de ser feitos por falta de tempo, de material, pessoal ou outra razão);
- Registrar as observações e alimentar sistemas informatizado;
- Criar, atualizar e divulgar estatísticas e gráficos de controle.
Melhoria do PMP
Adiantamos a questão da melhoria do PMP no
post anterior. Mas é importante ressaltar o caráter dinâmico do PMP. Se você tiver um PMP com mais de um ano sem atualização, desconfie. Alterações nas tarefas (inclusões, exclusões), na descrição e complementos da tarefa (riscos, procedimento, ferramentas necessárias, referências) e na frequência de execução (diária, semanal, quinzenal, mensal, anual) são decorrentes da análise dos indicadores (tempo médio entre falhas, tempo médio de reparo, etc.).
Uma forma de garantir a revisão dos PMP é realizar periodicamente uma reunião para reavaliá-los. Para que esta revisão não seja algo monótono, é importante limitar o tempo à no máximo 30 minutos, escolhendo um conjunto de PMP para revisão, usando critérios de criticidade.
É importante ter sempre em mente que manutenção preventiva custa dinheiro, e portanto acrescentar itens ou reduzir a frequência de execução de tarefas deve ser justificado. Por outro lado, deve-se sempre lembrar que a falta de manutenção preventiva implica no aumento da manutenção corretiva, que além de ter custo mais elevado ocorre de forma não programada com maior impacto na operação.
Uma última dica sobre gestão da manutenção preventiva: SIMPLIFIQUE!
Busque sempre simplificar formulários, controles, facilitando o uso e eliminando itens desnecessários. Se puder informatizar e automatizar, ótimo! Se não tiver condições e depender de registros manuais, busque tornar mais simples os controles, a partir de opiniões de quem realiza.